sexta-feira, 31 de julho de 2009

Bife ao ponto

Política é uma caixinha de surpresas em Mato Grosso do Sul. Toda via, o rápido e intrepido deputado federal Bife, em entrevista ao programa Rui Pimental nesta sexta-feira (31) - FM 95 de Campo Grande - deu uma prova deste universo do imponderável, dando um recado direto ao ex-governador Zeca do PT: que pode ser traduzido assim:
- companheiro, Bife torrado é coisa do passado.

Com raciocínio linear e usando palavras certeiras, o parlamentar também feriu em cheio as intenções da ala petista do PDT local. Para Beife, pré candidatura do ex-governador - "o que ainda será decido nas convenções do partido", fez questão de salientar, só interessariam ao PDT de João Leite e de Dagoberto. Além disso, Bife resaltou que os últimos quatro anos do ex-governador foram ruins, tanto na politica quanto no aspecto administrativo.

O deputado, sem usar ofensas desnecessárias e de forma racional, atacou pontualmente o companheiro de partido, acusando-o de ter loteado o seu governo no segundo mandato, e ainda, de não ter tido bom desempenho, mesmo com o "amigo" Lula Lá.
"Foi o pior governo".

Além disso, disse que Zeca teria permitido que os seus secretários de Estado e demais aliados apoiassem a candidatura de André Puccinelli e da senadora Marisa Serrano, deixano Delcídio sozinho. "Ele virou as costas para a candidatura do Delcídio".

Para encerrar, diante de um experiente radialista, que ficou nitidamente afônico, Bife ainda ponderou que uma das maiores criticas ao governdo André seria justamente o não loteamento político. O que não estaria dando espaço ao aliados políticos, e não praticando a mesma estratágia do governo Zeca. "A grande critica do André é que ele não dá o mesmo espaço que o Zeca dava".

O Radialista, aparentemente sem saber por onde encerrar entrevista, não conteve o tiroteio, e Biife sapecou. "Eu sou muito criticado por minha posição, mas hoje, a aliança com o PMDB é realidade em 26 municípios, inclusive em Corumbá".

Encerrada a entrevista didática do professor deputado federal, fica pergunta: qual sua motivação? Afinal, dias desses, o partido enfatizava a união entre Zeca e Delcídio, e, aparentemente, todos caminhariam juntos para 2010 retomar o parque dos poderes.

Agora, com a dúvida no ar, é bom perguntar. Será que a estratégia meio "gol de canela" do governador André Puccinelli - ao anunciar o nome de Simone Tebet ao senado durante o jogo do Misto na Copa do Brasil no início do ano, já mudou o cenário eleitoral? Afinal, é nítido o entusiasmo do prefeito da Capital Nelsinho Trad, que aliado a força latente da filha do dono da cadeira de senador, somada a boa administração em Tres Lagoas e visibilidade nacional, tornam a dupla de azarões, uma explosiva e imprevisivel disputa.

Neste cenário hipotécico, até fantasioso para alguns, teria alguma consistência? Será que estes nomes e a rejeição do ex-governador jogaram água fria no projeto dos petistas para o ano que vem?

Claro que o dono desta resposta poderá explicar os reais motivos das declarações de Bife. Mas enquando este cenário não se revela, uma coisa é inegável. Se o PMDB levar os dois de seus nomes mais fortes para a sucessão de André em 2014 para Brasília, só tem uma leitura: re-edição no governo do Estado da hegemonia imposto a quase dezoito anos em Campo Grande.

Bife nao disse o motivo, mas ninguém poderá negar que ele pulou fora da frigideira preparada pelo ex-governador José Orcírio para 2014.

Seja como for neste momento - dentre as muitas considerações e possibilidades - o partido do presidente Lula no Estado precisa resolver-se. Ou, já está pavimentando a hipotese de que Delcídio ocupe a vaga de vice na chapa de André? Ou será que vai para a disputa, cada dia mais divido? será que neste cenário conturbado vale a pena correr o risco? E se perder o governdo e a vaga "imperdível" ao senado?

Além das muitas dúvidas e nenhuma certeza, Bife ainda pode ter causado uma revoada no ninho tucano. De olho da sucessão em 2014 e na eminente perda da vaga no senado para o governador André Puccinelli, o PSDB precisa decidir se é coadjuvante ou protagonista de seus destinos no Estado.

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