sexta-feira, 24 de julho de 2009

Quando "jornalista" para ser jornalista, queima diploma




Ao caro Victor Barone *,


Não é possivel confundir as coisas tanto assim. Que o STF tenha confundido o principio da liberdade de expressão com a comunicação social e o jornalismo, tudo bem, estamos falando de uma ciência contemporânea, mas, um "jornalista", concordar com isso, e ainda, colocar tudo no mesmo saco, aí, realmente, constatamos que vivemos um terrível e triste momento.

Caro Barone, a qualidade das universidades precisa melhorar muito, ninguém pode vender diploma. Agora, barrar a consolidação técnica de uma profissão não é avanço democrativo. Será que nos EUA não existe regulamentação para o exercício da profissão? Esqueceu que a Constituição Americana da garantias ao jornalista? assim, realmente não é preciso exigir diploma. Na CF/88, somente o advogado é lembrado.

O pensar é livre, mas o fazer jornalitico é técnica. Este ofício exige formação sólida, especificidade. Estamos falando de uma especialização da ciência humana. Será que exigir que este ofício seja restrico a quem se deu ao trabalho de preparar-se para tal, é retrocesso?

Agora, afinal, o que tem haver diploma com reserva de mercado para profissionais medíocres? E por acaso os veículos de comunicação do País serão melhores selecionadores que o vestibular, um projeto experimental de conclusão, ou ainda, um mestrado ou doutorado na área? Será que a iniciativa privada é o melhor fórum para balizar a forma e o conteúdo das informações que são oferecidas a opinião pública? Será que a impessoalidade, a ética, o cuidado com os originais, a escolha da fonte, o distanciamento e independência dos fatos, vão ser obedecidos? Como escrever sobre o comportamento obscuro de um gestor público, concessionária de serviços públicos, político, ou qualquer instituição pública ou privada, quando ela for a principal fonte de recursos do veículo? Quem vai ditar qual será o melhor tipo de jornalismo? Vale lembrar que o único interesse da iniciativa privada é o lucro, seja qual for o ramo. E, para mim, este comprometimento do empresário com sua lucratividade é incompatível com os interesses do jornalismo.
Sim, este é o jornalismo que apreendi na faculdade, o mesmo que carimbou o meu diploma. E, claro, concordo que é um muito distante do discursos jornalistico de importantes arautos da moral, e dos paladinos que defendem o abamdono completo do diploma de jornalista. Além do mais, "isto", ou melhor, o que restar quando não houver mais interesse pelo estudo da comunicação social, será qualquer coisa, menos, e cada dia menos, jornalismo.
Concordo que neste momento, o jornalista diplomado está aquem do seu potencial, talvez ainda muito longe, como também está esta instituição, se realmente fosse conduzida por profissionais valorizados e bem remunerados. Contudo, encerrando-se o caminho do saber, o que restará?

Lendo seus textos sobre o diploma, penso sobre o futuro desta profissão. Quem conduzirá o pensamento do jornalismo? A independência dos veículos? - Por acaso algum jornal desta cidade vive sem verba pública?
Porém, neste discurso imediatista, a culpa é toda do mal jornalista recem formado com canudo na mão! Será que algum jornalista que defende o fim do diploma, já acrescentou alguma virgula ao comprometimento ético da profissão nesta cidade? Gostaria de conhecer aquele ser imortal que viveu, vive ou viverá a mendigar cargos e verbas públicas, fazendo "jornalismo" chapa branca a custas da viúva?
Me desculpe sr. Víctor, mas neste momento, o Brasil perde de ver nascer uma instituição chamada jornalismo, e, volta-se a idade média. Longa vida aos coroneis, patrões e senhores das campanhas eleitorais. Afinal, a cada dois anos tem uma, e será a oportunidade de mudar de vida.

Contudo, é preciso ponderar que para alguns, o que o STF fez - e foi aplaudido por muitos - extrapola sua competência constitucional. Sim, um ato autoritário e claramente contrário ao equilíbrio dos poderes de nossa democracia. Os ministros usurpam do poder legislativo e da sociedade o direito de dizer o que é ou não é ciência.
Então, neste momento, quando os lobos afastam da fogueira alguns que ainda buscavam na luz um pouco de abrigo, penso em como será o novo dia. E, ainda espero que posso haver luz.
Alexssandro Loyola


Campo Grande, 24 de julho de 2009.


*Victor Barone - "jornalista" que tem um blog, (http://escrevinhamentos.blogspot.com/) onde não há o registro do e-mail de contato. O que é altamente recomendável.

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